fall
Finalmente o agridoce outono impera. É uma estação difícil.
A natureza desmoronando, competindo sobre qual apresentação é mais bonita.
Como se estivesse apaixonada pelo chão. Sempre foi uma estação invejável.
As folhas caem exatamente como os nossos anos. As flores murcham como os nossos dias.
O sol fica mais frio igual as nossas lembranças. E a nossa alma congela por não ter apreciado o suficiente.
Vivendo na esperança de que sejamos alguém do qual costumávamos conhecer.
Algumas coisas jamais irão durar para sempre. Mas elas acontecem.
Como uma boa memória que você pode tirar e desdobrar a qualquer momento. Pressionando os cantos e olhando de perto, esperando que você ainda reconheça a pessoa que vê.
Como o café com margarina que sua avó insistia em te dar para curar a tosse. O café não era bom, e você nem acreditava naquilo. Mas aquele momento de vocês duas fazia tudo valer a pena.
A sua ansiedade ao esperar sua tia chegar do trabalho e te ensinar mais, porque você queria engolir todo o conhecimento existente.
A única coisa que ela não te ensinou foi que memórias tanto aquecem, como congelam. Tanto criam, como destroem.
Que a sua inocência não pode ser repetida, e que você não pode mais contar as estrelas e nomeá-las com sonhos junto de sua mãe. Afinal, você não sabe mais sonhar.
E então o doloroso momento aparece. Você precisa decidir entre continuar no mesmo caminho, alterá-lo, ou simplesmente parar de andar.
Afinal as pessoas não são seu pai, quando te ensinava a andar de bicicleta. Agora você se impulsiona, cai e tem que se levantar por conta própria.
Existem os momentos em que a vontade de alterar o relógio aparece. Mas ao esvair a tristeza, a felicidade também estaria comprometida.
É por isso que o outono atrai tanto. Queremos poder ser essas folhas que olham para o céu e vivem. E quando chega a hora de sair e se reinventar, graciosamente elas sabem que em breve serão despertadas novamente.
E quem pensa que as folhas estão mortas, a vida começa de novo quando percebida no outono.